Maria Aparecida de Amaral Pereira Goes
Contexto
Final de dezembro de 2006. Com a iminente devolução de duas funcionárias lendárias do Fórum Eleitoral, além do total descaso e respeito do setor responsável por recursos humanos (chamam "gerência de pessoas", agora), eu resolvi fazer um pouco de justiça à dedicação prestada. sobretudo por Cida, uma das servidoras em vias de retornar para sua repartição de origem.
Texto...
Eu ainda era aquilo que chamo hoje de “menino amarelo”. Tinha passado num concurso para trabalhar em João Pessoa e fazia, no mesmo período, graduação em Campina Grande. Isso era um problema porque se “o concurso” me chamasse eu perderia a vaga, já que não perderia a graduação por nada no mundo.
Daí fui lá no Fórum Eleitoral, o único lugar que eu imaginava que tivesse alguém pra me dizer algo sobre aqueles prazos que me afligiam. Na chegada, passei por todas as etapas que alguém que não tem noção de como funciona a Justiça Eleitoral acaba passando, por procurar a informação no lugar errado. A fonte correta seria a Secretaria de Recursos Humanos, que fica na sede do Tribunal em João Pessoa. Mais precisamente na Coordenadoria de Pessoal (COPES). Portanto, eu cheguei todo errado, no lugar errado, procurando respostas que as pessoas não tinham e não podiam ter.
Nas primeiras tentativas de obter informação encontrei o óbvio: “aqui ninguém sabe de nada disso”. Por fim, alguém me recomendou que fosse lá em cima e falasse com Cida. “Lá em cima” eram os dois andares de escada do antigo Fórum e “Cida” era “Cida do Eleitoral” como ela gosta de ser chamada, ou Maria Aparecida de Amaral Pereira Goes, como a chamo até hoje.
Quase tudo se repetiu em relação às pessoas que tinha falado antes. Contei a mesma história, que queria saber quando ia ser chamado, para ver se dava tempo de terminar a graduação. A diferença é que Cida disse “pera aí que eu vou ligar para Ari...”, e começou com uma série de telefonemas que percorreu vários setores da SRH, perguntado e detalhando as informações com cada um dos interlocutores.
Dez minutos depois ela desligou e explicou tudo que eu precisava saber, quais eram as pessoas que eu poderia recorrer caso fosse chamado antes do que desejava, os telefones dos setores, as pessoas mais acessíveis, aquelas que devia evitar e, inclusive, como chegar no TRE em João Pessoa. Depois me apresentou ao pessoal do NATT, como o programador que tinha passado no concurso. Encerrou dizendo que qualquer dúvida ligasse ou aparecesse que ela veria o que podia em ajudar.
Eu nunca tinha visto aquela figura na vida. Ela jamais tinha me visto. E sem que eu fosse autoridade, magistrado ou ninguém do topo da cadeia alimentar, fui recebido com absurda atenção e iniciativa. Eu saí de lá me prometendo que se fosse chamado e me tornasse servidor público, eu seria daquele jeito, prestando meu serviço com aquele grau de empolgação.
Onze anos se passaram, e após retornar da Bahia vi que Cida continua atendendo as pessoas perdidas no Fórum Eleitoral com a mesmíssima presteza. Como sou certinho demais para esse país, não me tornei um servidor público exatamente igual a ela. Ao mesmo tempo sou testemunha de um grau de dedicação, abnegação e comprometimento com um órgão público que não conheço igual e, de longe, jamais serei capaz de oferecer ao Tribunal ou qualquer órgão da administração pública.
Nesses onze anos vi em vários momentos, sobretudo quando o Tribunal precisou interagir com o Fórum, que não foi muito fácil definir se ela era Cida do Eleitoral ou se o Eleitoral era de Cida. A sede não consegue mover uma palha, tomar uma decisão, realizar um evento, fazer uma visita ou levantar informação sem que Cida esteja como olhos e cérebro remotos, a 120 Km, permitindo que o TRE consiga chegar a Campina Grande.
A letra fria da lei agora determina (como o judiciário gosta) que Cida deixe de ser do Eleitoral. Com nostalgia, preciso registrar esse reconhecimento, esse devido agradecimento. Preciso fazer justiça, no sentido estrito da palavra, antes que o Eleitoral deixe de ser de Cida.
Em nome da instituição, Cida, muitíssimo obrigado.
Final de dezembro de 2006. Com a iminente devolução de duas funcionárias lendárias do Fórum Eleitoral, além do total descaso e respeito do setor responsável por recursos humanos (chamam "gerência de pessoas", agora), eu resolvi fazer um pouco de justiça à dedicação prestada. sobretudo por Cida, uma das servidoras em vias de retornar para sua repartição de origem.
Texto...
Eu ainda era aquilo que chamo hoje de “menino amarelo”. Tinha passado num concurso para trabalhar em João Pessoa e fazia, no mesmo período, graduação em Campina Grande. Isso era um problema porque se “o concurso” me chamasse eu perderia a vaga, já que não perderia a graduação por nada no mundo.
Daí fui lá no Fórum Eleitoral, o único lugar que eu imaginava que tivesse alguém pra me dizer algo sobre aqueles prazos que me afligiam. Na chegada, passei por todas as etapas que alguém que não tem noção de como funciona a Justiça Eleitoral acaba passando, por procurar a informação no lugar errado. A fonte correta seria a Secretaria de Recursos Humanos, que fica na sede do Tribunal em João Pessoa. Mais precisamente na Coordenadoria de Pessoal (COPES). Portanto, eu cheguei todo errado, no lugar errado, procurando respostas que as pessoas não tinham e não podiam ter.
Nas primeiras tentativas de obter informação encontrei o óbvio: “aqui ninguém sabe de nada disso”. Por fim, alguém me recomendou que fosse lá em cima e falasse com Cida. “Lá em cima” eram os dois andares de escada do antigo Fórum e “Cida” era “Cida do Eleitoral” como ela gosta de ser chamada, ou Maria Aparecida de Amaral Pereira Goes, como a chamo até hoje.
Quase tudo se repetiu em relação às pessoas que tinha falado antes. Contei a mesma história, que queria saber quando ia ser chamado, para ver se dava tempo de terminar a graduação. A diferença é que Cida disse “pera aí que eu vou ligar para Ari...”, e começou com uma série de telefonemas que percorreu vários setores da SRH, perguntado e detalhando as informações com cada um dos interlocutores.
Dez minutos depois ela desligou e explicou tudo que eu precisava saber, quais eram as pessoas que eu poderia recorrer caso fosse chamado antes do que desejava, os telefones dos setores, as pessoas mais acessíveis, aquelas que devia evitar e, inclusive, como chegar no TRE em João Pessoa. Depois me apresentou ao pessoal do NATT, como o programador que tinha passado no concurso. Encerrou dizendo que qualquer dúvida ligasse ou aparecesse que ela veria o que podia em ajudar.
Eu nunca tinha visto aquela figura na vida. Ela jamais tinha me visto. E sem que eu fosse autoridade, magistrado ou ninguém do topo da cadeia alimentar, fui recebido com absurda atenção e iniciativa. Eu saí de lá me prometendo que se fosse chamado e me tornasse servidor público, eu seria daquele jeito, prestando meu serviço com aquele grau de empolgação.
Onze anos se passaram, e após retornar da Bahia vi que Cida continua atendendo as pessoas perdidas no Fórum Eleitoral com a mesmíssima presteza. Como sou certinho demais para esse país, não me tornei um servidor público exatamente igual a ela. Ao mesmo tempo sou testemunha de um grau de dedicação, abnegação e comprometimento com um órgão público que não conheço igual e, de longe, jamais serei capaz de oferecer ao Tribunal ou qualquer órgão da administração pública.
Nesses onze anos vi em vários momentos, sobretudo quando o Tribunal precisou interagir com o Fórum, que não foi muito fácil definir se ela era Cida do Eleitoral ou se o Eleitoral era de Cida. A sede não consegue mover uma palha, tomar uma decisão, realizar um evento, fazer uma visita ou levantar informação sem que Cida esteja como olhos e cérebro remotos, a 120 Km, permitindo que o TRE consiga chegar a Campina Grande.
A letra fria da lei agora determina (como o judiciário gosta) que Cida deixe de ser do Eleitoral. Com nostalgia, preciso registrar esse reconhecimento, esse devido agradecimento. Preciso fazer justiça, no sentido estrito da palavra, antes que o Eleitoral deixe de ser de Cida.
Em nome da instituição, Cida, muitíssimo obrigado.
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